terça-feira, 23 de novembro de 2010

micorrizas

Micorrizas
Micorriza é uma associação mutualista não patogênica entre certos fungos do solo e as raízes da planta. A planta, através da fotossíntese, fornece energia e carbono para a sobrevivência e multiplicação dos fungos, enquanto estes absorvem nutrientes minerais e água do solo, transferindo-os para as raízes da planta, estabelecendo assim a mutualista da simbiose.
O grupo que tem maior interesse agronômico dentro dos fungos micorrízicos, são os Fungos Micorrízicos Arbusculares (FMAs). Além de ser predominantes nos ecossistemas tropicais, eles são capazes de formar micorrízas com 95% das espécies de plantas, inclusive a maioria das espécies cultivadas.
O efeito benéfico mais marcante desta associação simbiótica está no aumento do crescimento das plantas mediante o aumento da absorção de nutrientes, especialmente aqueles menos solúveis, como fósforo, zinco e cobre, resultando em plantas mais nutridas e vigorosas, com mais resistência às condições ambientais adversas. Portanto, a micorriza tem um papel importante na sobrevivência e no crescimento das plantas nos trópicos, onde predominam solos de baixa fertilidade, carente em fósforo disponível.
Embora o FMA seja de ocorrência generalizada na natureza, a sua distribuição no solo é desuniforme, além disso, o FMA existente no solo nem sempre é aquele mais eficiente em aumentar o crescimento da planta. Para poder aproveitar melhor o efeito da associação simbiótica com fungos micorrízicos em benefício da planta, é preciso selecionar as espécies mais eficientes de FMA para cada tipo de cultura, e usa-lo no procedimento de micorrização das plantas.
Na natureza, a micorrização é geralmente inibida pela elevada fertilidade, perturbação e erosão do solo, uso de fungicidas sistêmicos e desmatamento. A destruição da vegetação nativa nos trópicos causa perda permanente de algumas espécies altamente adaptadas às condições locais específicas. Isso tornou, muitas vezes, uma reintrodução dos fungos micorrízicos necessário para garantir a sustentabilidade do solo. Para as plantas perenes, a micorrização é usada na formação de mudas, visando obtenção de mudas bem nutridas, vigorosas e uniformes para um índice elevado de sobrevivência e um melhor desempenho das plantas no campo. Por motivo fitossanitário, as mudas de café e citros são formadas em substrato esterilizado. Neste caso, a micorrização é uma prática obrigatória para reposição de fungos micorrízicos ao solo e produção de mudas de qualidade. Outras fruteiras, como mamão e maracujá, a micorrização também está sendo usada para a produção de mudas para o transplantio.
 
Efeito de micorrizas na formação de mudas

O estudo feito com mudas de pimenteira-do-reino, provenientes de sementes, no solo fumigado, evidenciou a alta dependência desta planta com os fungos micorrízicos e as mudas não cresceram na ausência de fungos micorrízicos mesmo adubando A inoculação com FMA aumentou até 10.000% a produção de matéria seca da planta no solo com a adubação. O benefício da inoculação foi obtido também em mudas de estacas de pimenteira cultivadas em solo natural, embora o benefício seja bem menor, sendo de 59% o aumento máximo na produção de matéria seca. Nas mudas de estacas, a inoculação aumentou a absorção de nitrogênio, fósforo e cálcio, sendo a maior quantidade absorvida encontrada em mudas inoculadas com Scutellospora gilmorei, a espécie que promoveu o maior crescimento das plantas de pimenteira-do-reino.

Efeito da inoculação no controle da fusariose

Como a micorrização pode aumentar significativamente a absorção de nutrientes do solo pela planta, resultando em plantas mais nutridas e vigorosas, é de esperar que essas plantas micorrizadas também pode resistir ou tolerar melhor o ataque de patógenos do solo. Para verificar o efeito da micorrização sobre a podridão da raiz de pimenteira, causada por Fusarium solani f. sp. piperis, foi conduzido um experimento com plântula de pimenteira-do-reino, cultivar Guajarina. A inoculação de FMA foi feita três meses antes da inoculação de Fusarium, para garantir o estabelecimento e funcionamento de micorriza dentro das raízes, antes da invasão de patógeno. A redução de 50 a 80% a incidência de fusariose foi obtido com a inoculação de FMA e a espécies que promoveu maior crescimento da planta teve também maior redução de fusariose . Embora os resultados sejam preliminares, mais estudos ainda precisam ser feitos, a inoculação das plantas de pimenteira com FMA não deixa de ser uma prática promissora de aumentar o crescimento da planta através do aumento da absorção de nutrientes e um melhor aproveitamento da adubação, e ao mesmo tempo aumentar a tolerância da planta à doença, reduzindo assim a perda de plantas causada por ela.

Multiplicação do inóculo de FMA e inoculação das mudas

O FMA não se multiplica no meio artificial como outros fungos do solo, portanto, até hoje não está disponível no mercado o inoculo comercial economicamente viável. A obtenção de inoculo ainda é feita, em pequena escala, na presença de plantas hospedeiras. A multiplicação da espécie de FMA selecionada para a inoculação precisa ser feita no substrato desinfectado, para garantir a pureza de inoculo, e também para ter certeza o que está inoculando.
 Como as plantas perenes passam por um período de formação de mudas em recipientes, A inoculação das mudas pode ser feita durante o transplantio para saco plástico preto, usando uma pequena quantidade de inoculo. O efeito da inoculação pode ser observado a partir de terceiro mês após a inoculação.

quinta-feira, 4 de novembro de 2010

FERTIRRIGAÇÃO

FERTIRRIGAÇÃO

Fertirrigação é uma técnica de aplicação simultânea de fertilizantes e água, através de um sistema de irrigação. É uma das maneiras mais eficientes e econômicas de aplicar fertilizante às plantas, principalmente em regiões de climas árido e semi-árido, pois aplicando-se os fertilizantes em menor quantidade por vez, mas com maior freqüência, é possível manter um teor uniforme de nutrientes no solo durante o ciclo da cultura, o que aumentará a eficiência do uso de nutrientes pelas plantas e, conseqüentemente, a produtividade.
Esta aplicação é possível com todos os métodos de irrigação: superfície, aspersão e localizada(gotejamento ou microaspersão) .No entanto, as irrigações por superfície e gotejamento só permitem a fertirrigação de agroquímicos que necessitam ser distribuídos na superfície do solo ou no seu perfil. Por outro lado, na irrigação por aspersão os produtos químicos podem ser aplicados tanto no solo quanto nas folhas. A Fertirrigação possibilita total controle da quantidade de fertilizantes que devem ser aplicados. O uso da Fertirrigação pelo produtor proporciona economia de fertilizantes e de mão-de-obra e maior eficiência na sua aplicação.
Quando se prepara uma solução de fertilizantes envolvendo mais de um tipo de fonte de nutrientes, deve-se verificar se são compatíveis, para evitar problemas de entupimentos das tubulações, e emissores. O cálcio, por exemplo, não pode ser injetado com um fertilizante que contém sulfato. Esses cuidados devem ser ainda maiores, quando a água usada na irrigação tem pH de neutro a alcalino, ou seja, quando as concentrações de Ca + Mg e de bicarbonatos são maiores que 50 e 150 ppm, respectivamente. O ácido fosfórico não pode ser injetado via água de irrigação que contenha mais que 50 ppm de cálcio e nitrato de cálcio e em água que contenha mais de 5,0 meq.L-1 de HCO3-, pois poderá formar precipitados de fosfato de cálcio.
VANTAGENS
            Alguns fungicidas e inseticidas podem ser mais eficazes quando aplicadosn via água de irrigação do que pelos métodos convencionais(trator, avião).É importante frisar que nem todos os produtos químicos proporcionam resultados satisfatórios quando aplicados por intermédio da água de irrigação.Em muitos casos, os métodos convencionais ainda são os preferíveis.
Uma das vantagens óbvias da fertirrigação é a possibilidade de se subdividir a adubação ao longo do ciclo da cultura visando otimizar a utilização dos nutrientes pelas espécies agrícolas ao disponibilizá-los no momento mais adequado,ou seja, cronometrar de acordo com às necessidades fisiológicas da espécie. A aplicação de fertilizantes solúveis junto à água de irrigação visa então prover os nutrientes certos, nas quantidades corretas, o mais próximo possível ao estádio fisiológico em que o nutriente é mais necessário. Isto só é possível se houver disponibilidade de informação quanto à curva de absorção de nutrientes da espécie cultivada em questão.
Em comparação à adubação convencional, a fertirrigação permite ajustes finos de acordo com as fases de desenvolvimento das plantas, melhorando a eficiência no uso de fertilizantes ao minimizar as perdas. Se o método de irrigação utilizado for localizado, como o gotejamento, por exemplo, a economia de fertilizantes pode ser vantajosamente associada à economia de água.No caso da irrigação por aspersão, se a quimigação é realizada concomitantemente, o custo operacional dessa tecnica corresponderia apenas ao custo de operação do sistema de injessão do produro.Por outro lado,se a quimigação é feita sem a necessidade de se umidecer o solo, o custo operacional também incluiria a despesa para operar o sistema de irrigação.
Em regiões áridas e semi-áridas, ou em regiões em que uma cultura se desenvolve durante inverno seco, é fácil planejar a quimigação para que ela coincida com o molhamento das plantas.Nessas condições os custos de aplicação de agroquimicos são muito baixos.
Outras vantagens:
·         Reduz a flutuação da concentração de nutrientes no solo na fase de crescimento;
·         Facilidade de adaptar a quantidade e concentração de um nutriente específico de acordo com a necessidade da cultura;
·         Possibilidade de emprego de água em solo de baixa “qualidade”, solos pedregosos, muito permeáveis;
·         Possibilidade de aplicação de outros produtos utilizando a infra-estrutura, como: fungicidas, nematicidas, herbicidas;
·         Possibilidade de mesclar fertilizantes e/ou fertilizantes líquidos com micronutrientes que são difíceis de distribuir em todo o terreno;
·         Aplicação precisa de nutrientes de acordo com a demanda do cultivo, evitando concentração excessiva de fertilizante no solo e lixiviação;
·         Aplicação de água e fertilizantes em uma faixa determinada de solo onde as raízes estão mais ativas, aumentando a eficiência do fertilizante e diminuindo seu impacto ambiental;
·         Redução do tráfego de máquinas no pomar;
·         Fácil automação da fertilização.
DESVANTAGENS
Uma das consequência colaterais do uso de fertirrigação pode ser o menor volume de raízes, principalmente no gotejamento, já que os nutrientes, assim como a água, são aplicados muito próximo ao sistema radicular. Aliás, se a informação existir, pode-se manejar a fertirrigação localizando-a nos pontos onde há maior densidade de raízes. A aplicação precoce da fertirrigação pode não ser completamente benéfica ao desestimular o aprofundamento do sistema radicular, criando uma dependência excessiva por parte das plantas, potencialmente danosa na eventualidade de pane temporária do sistema de irrigação.
Quando utilizada sob ambiente protegido, como estufas, há ainda o risco quase inevitável de salinização do solo, pela mesma razão por que o sistema pode ser vantajoso: pelas menores perdas do sistema. Como em geral não há entrada de água de chuva ou qualquer excesso de água no cultivo protegido, os adubos utilizados, que em gerais são sais, acumulam-se e aumentam a condutividade elétrica da solução do solo, clássico indicador da salinização.
Além de ser tóxico aos vegetais, compremetendo a produção, a salinização afeta negativamente a estrutura física do solo, por causar repulsão entre as partículas de argila e de material orgânico coloidal, impedindo a formação de agregados no solo. Desta forma, o solo sofre quase uma "compactação química", comprometendo a infiltração de água e o crescimento do sistema radicular. Se houver disponibilidade de água, isto pode ser evitado aplicando-se periodicamente lâminas de irrigação em excesso para que ocorra a "lavagem" dos sais em excesso. Seriam muito interessantes também prática que favorecessem o enriquecimento do solo em matéria orgânica e, antes de tudo, a aplicação racional dos fertilizantes.

IMPORTÂNCIA
            A importancia da fertirrigação está associada às vantagens que este sistema proporciona ao produtor.Com sua utilização além da economia, e redução do desperdício, há também a segurança por parte da mão de obra envolvida, pois a exposição aos produtos quimicos é prejudicial à saúde, sendo sertos produtos pouco tóxicos, porém outros muito tóxicos. A pulverização, feita de forma manual ou com o uso de trator ou avião, expõe o operador ao pesticida de maneira mais aguda quanto maior for a negligenciacom os equipamentos de proteção. No entanto, a fertirrigação, quando usada pelos métodos de irrigaçãoi por superfície e por gotejamento, não expõe o operador aos pesticidas durante a aplicação.Quando utilizada pela irrigação por aspeção, a exposição pode ser breve, uma vez que não é necessária a presença do operador na lavoura.
            No Brasil há experiências muito bem sucedidas ultilizando-se resíduos industriais em culturas específicas. O que faz da fertirrigação, além de um método de adubação mais racional, uma técnica que permite a reabsorção dos nutrientes não aproveitados nos processos industriais, reduzindo muitas vezes a problemática do tratamento e disposição adequada dos efluentes. Por esse motivo, a fertirrigação pode ser aceita como técnica de tratamento de efluentes orgânicos por infiltração no solo. Tal técnica, desde que bem aplicada e acompanhada de profissionais qualificados, não traz malefícios ao meio ambiente, pelo contrário, estimula uma melhor ciclagem do nitrogênio, fósforo e potássio.

Por: Mauricio Alves de Sousa

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
·         Pinto,J.M.; Bassoi,L.H.Monteiro,J.S.(http://www.agencia.cnptia.embrapa.br/Agencia22/AG01/arvore/AG01_53_24112005115222.) EMBRAPA.
·         Guazina,L.Assessoria de Imprensa - Embrapa Hortaliças BR 060 Brasília/Anápolis, Brasília – DF(http://www.cnph.embrapa.br/noticias/not_31a.htm).EMBRAPA.

UMA VERDADE CONVENIENTE

MICROCLIMA
Uma alternativa de climatização simples e consciente
 
Teresina é a capital e o município mais populoso do estado brasileiro do Piauí. O crescente desenvolvimento da cidade de Teresina tem provocado um fenômeno comum em todas as cidades desenvolvidas, que é o aumento de temperatura. Este aumento é ocasionado, além da grande quantidade de gases tóxicos lançados na atmosfera e outros fatores, por inúmeras construções civis realizadas no meio urbano. A concretagem excessiva da cidade aumenta bastante a absorção de calor promovendo alta sensação térmica e as chamadas ilhas de calor.
Como alternativa para diminuição desse fenômeno tem-se a promoção do microclima. O microclima é uma área relativamente pequena com condições atmosféricas diferentes da zona exterior, são formadas geralmente quando há barreiras geomorfológicas, ou elementos como espelhos d´água ou vegetação. Pode-se considerar dois tipos de microclima: microclima natural - que corresponde à superfícies da ordem de 10 m a 100 m; e, microclima da planta - o qual é caracterizado por variáveis climáticas (temperatura, radiação) nas proximidades da  árvore.
Nas áreas com árvores tipo coníferas a luz é fortemente reduzida, mas pouco modificada qualitativamente. Já nas áreas com árvores tipo folhosas, a luz sofre uma grande absorção seletiva que lhe dá uma tonalidade amarelo esverdeada quando as árvores estão com folhas. Numa floresta tropical, a iluminação ao nível do solo pode descer variando entre 0,1 e 1% da iluminação de um terreno descoberto (DAJOZ, 1978).
Teresina é uma das cidades mais quentes do Brasil e é quente a maior parte do ano, com uma temperatura média de 27°C e variando de 20°C a 35°C, nos meses mais quentes a temperatura pode chegar a 40°C, principalmente no mês de outubro. Com o plantio de árvores nesta cidade, essa realidade se torna mais amena, uma vez que as plantas atuam diminuindo essa temperatura e a sensação térmica desgastante.
Segundo WHATLEY & WHATLEY (1982), parte da radiação solar que chega ao dossel florestal é refletida de volta para o céu aberto, parte é absorvida pelas copas e, posteriormente, transmitida para o interior da floresta na forma de ondas longas e, finalmente, uma última parte penetra diretamente na floresta.
            De uma forma geral, o solo florestal é mais quente no inverno e mais fresco no verão que o solo descoberto, sendo este fenômeno observado até profundidades de 1,20 m. A influência da floresta resulta da ação das copas e do isolamento térmico devido ao "litter"(PARDÉ, 1974).
                        Portanto com o cultivo de árvores é possível, de uma forma simples e conciente, criar áreas de microclimas com o intuito de diminuir a incidência de raios solares sobre o solo e conseqüentemente promover uma climatização favorável com baixas temperaturas e boas condições climáticas.

Por: Mauricio Alves de Sousa

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
DAJOZ, R. Ecologia geral. 3.ed. Petrópolis: Vozes, 1978. 472p.
·        PARDÉ, J. Le microclimat en forest. In: PESSON, P. Ecologie forestière. Paris: Gauther-Villar, 1974. p.1-19.
·         WHATLEY, J. M., WHATLEY, F. R. A luz e a vida das plantas. São Paulo: EPU/EDUSP, 1982. 103p.

domingo, 27 de junho de 2010

Hidroponia e Plantio convencional

HIDROPONIA
(por :Mauricio Alves de Sousa)
As hortaliças representam o maior grupo de plantas cultivadas, compreendendo mais de 100 espécies. Até um passado relativamente recente, eram em sua maioria, cultivadas em muito pequena escala e comercializadas no mercado informal, o que ocasionava sua exclusão das estatísticas e, consequentemente, das preocupações dos políticos e tecnocratas.
A inclusão das espécies na categoria das hortaliças baseia-se em algumas características com, por exemplo, alta produtividade por área, riqueza em nutrientes não calórico-proteicos, exigência em tecnologia de produção apurada, elevada utilização de mão-de-obra, alto conteúdo de água e consequentemente perecibilidade, cultivos múltiplos quando em larga escala, possibilidade de várias safras por ano, etc. (CASTELLANE, 1993).
As hortaliças podem ser cultivadas através do plantio convencional, o qual se utiliza o solo ou através do sistema hidropônico, sendo o cultivo de plantas sem o uso de solo.
Atualmente, na produção agrícola, utiliza-se um tipo de plantio de hortaliças usualmente chamado de plantio convencional. Plantio convencional é o plantio em que há atividade intensiva do solo, além da utilização de técnicas típicas e tecnologia de cultivo e produção.
Para se aplicar um plantio convencional é necessário ter a seu favor alguns fatores essenciais para o cultivo, como: clima favorável (varia de cultura para cultura), umidade e principalmente aquele que mais caracteriza esse tipo de atividade, o solo com capacidade produtiva favorável. É indispensável que o solo atenda às exigências de cada cultura, este precisa ter boa consistência, não ser muito argiloso nem muito arenoso, deve ser moderado.
Por ser de caráter intensivo, é necessário um grande volume de mão-de-obra. É necessária também muita água para irrigação.

O plantio convencional, por usar de forma intensiva o solo, acaba por desgastá-lo de forma rápida, perdendo desta forma grande parte de seus nutrientes, ocasionando em uma menor capacidade produtiva. Com esse grande desgaste o produtor precisa usar de meios externos para conservar a produtividade do terreno. Faz-se necessário adubar (química e/ou organicamente), fazer a calagem, fazer rotação de cultura além da aração e coveamento. Há, além disso, um grande desperdício de água de irrigação, tudo isso gera gastos para o produtor.
Os produtores estão sempre procurando e pesquisando meios de obter uma maior produção, com maior qualidade e menores custos, para assim obter maiores lucros.
A hidroponia é um meio prático de se cultivar hortaliças e consiste em um sistema de plantio fechado onde não se utiliza solo, mas solução nutritiva dissolvida em água para alimentar as plantas.
A presença das hortaliças é de suma importância na alimentação do homem, pois delas retira-se nutrientes indispensáveis para o bom funcionamento do metabolismo humano. Os surgimentos de alguns tipos de doenças estão intimamente ligados com os hábitos alimentares. Nessas hortaliças encontram-se algumas substâncias que servem de prevenção na ocorrência dessas doenças.
Pelo conceito de hortaliças, pode-se dizer que são plantas alimentares que se caracterizam pelo seu alto teor de vitaminas e sais minerais. Mais de 80 espécies são cultivadas comercialmente no Brasil (MAKISHIMA, 1993).
Há várias formas de se fazer um plantio e diferentes técnicas para realizá-las. Destacamos de uma forma geral, o plantio através do sistema convencional e o sistema hidropônico, onde a principal diferença entre eles é o uso do solo em um e o uso de água, em substituição do solo, em outro.
Segundo FILGUEIRA, possivelmente a característica mais marcante na olericultura é o seu caráter intensivo, no que se refere à utilização do solo, aos tratos culturais, à mão-de-obra e aos insumos agrícolas modernos (sementes, defensivos, adubos químicos). Na prática isso equivale a empregar quantias elevadas, por hectare cultivado.
No plantio convencional, um solo com qualidades produtivas é, logicamente, indispensável. Não é possível realizar um plantio se o solo não atender às exigências das plantas, pois as hortaliças exigem tecnologia avançada, independentemente se for convencional, orgânico ou agro ecológico.
Nem sempre se tem à disposição o tipo mais adequado de solo. Porém, sempre que possível, deve-se optar por solos de consistência média (areno-argilosos), arejados, com baixa acidez, com bom teor de matéria orgânica, bem drenados e com topografia levemente ondulada. Os solos argilosos, além de serem difíceis de trabalhar, retêm muita umidade e apresenta baixa aeração. Por outro lado, os solos arenosos, apesar de possuírem boa aeração e serem de fácil manejo, retêm pouca água exigindo irrigação muito freqüentes. Quando a área disponível não possui boa drenagem, como é o caso dos solos tufosos, é necessária uma rede de drenos para evitar o enxarcamento deles, além de construção de canteiros altos (POERSCHKE, 2005).
Para se obter uma boa produtividade, os tratos com os solos devem ser minuciosos. São várias as dificuldades de manejo de solos. As hortaliças são altamente esgotantes do solo, elas são salinizadoras do solo e esbanjadoras de água e nutrientes.
A área a ser escolhida deve inda ser livre de pragas, doenças e ervas de difícil controle. É importante que se conheça o histórico da área pelas culturas precedentes e, da mesma forma, o uso de insumos. A ocorrência de problemas de solos com bactérias, fungos e plantas daninhas como a tiririca impedem o cultivo de determinadas espécies inviabilizando a construção da horta (POERSCHKE, 2005).
Evidencia-se desta forma menor rentabilidade e maior ônus para o produtor ao utilizar este plantio.

A maioria das plantas tem o solo como o meio natural para o desenvolvimento do sistema radicular, encontrando nele o seu suporte, fonte de água, ar e minerais necessários para a sua alimentação e crescimento. As técnicas de cultivo sem solo substituem este meio natural por outro substrato, natural ou artificial, sólido ou líquido, que possa proporcionar à planta aquilo que, de uma forma natural, ela encontra no solo (CASTELLANE E ARAÚJO, 1995).
Considerando-se que as hortaliças, em média, são compostas de 90% de água, é de fundamental importância, que a horta seja construída em local com boa disponibilidade de água, tanto em quantidade como em qualidade. De maneira geral pode-se dizer que são necessárias cerca de 60m³/ha/dia de água. Porém esse valor varia com as condições climáticas bem como com a cultura. (POERSCHKE, 2005)
Quando se deseja fazer uma horta, é necessário saber se tem água suficiente para irrigar toda a horta em todos os meses do ano, principalmente nos meses mais quentes e secos.
Pela prática que se tem, observa-se que no inverno a necessidade de água pelas hortaliças situa-se ao redor de 1,5 a 2,0 litros/m²/dia. Isso significa 15.000 a 20.000 litros/ha/dia.
No verão a necessidade de água está entre 5 a 7 litros/m²/dia. Isso significa 50.000 a 70.000 litros/ha/dia.
Nos períodos de calor e seca intensos, chega-se a necessidade de 10 a 12 litros/m²/dia, ou seja, 100.000 a 120.000 litros/ha/dia. (POERSCHKE, 2005).
Pode-se observar na literatura citada que no plantio convencional, o uso da água é bastante grande, alguns autores se referem às hortaliças como esbanjadoras de água.
No plantio convencional, perde-se muita água. A maior parte da água de irrigação é perdida ( escoamento, infiltração, evaporação), uma pequena parcela é absorvida pela planta.
A hidroponia é um sistema de cultivo de plantas em água, sem o uso de solo.
A hidroponia é uma técnica para o cultivo, em ambiente protegido, para diversas espécies agrícolas. Esta técnica consiste na circulação regular, junto al sistema radicular da planta, de um filtro de solução nutritiva. (...) O projeto hidropônico consiste na aplicação de técnicas, materiais e equipamentos para a produção de hortaliças por meio do cultivo sem solo. (ANTONIO BLISKA JUNIOR, 1998).
O termo hidroponia deriva de duas palavras gregas: hidro, água e ponos, trabalho. A combinação dessas duas palavras significa “trabalhar com água” e, implicitamente, o uso de soluções de adubos químicos para se criar plantas sem terra. Este significado opõe-se à agricultura convencional, que deveria ser chamada geoponia(geo=terra).( JAMES SHOLTO DOUGLAS,1987).
Hoje existem várias formas de se cultivar hortaliças por meio do sistema hidropônico, podendo assim ser adaptado a cada meio de vida de cada produtor, suprindo suas necessidades como lhe apraz.


quinta-feira, 3 de junho de 2010

PRÁTICAS AGRÍCOLAS

PRÁTICAS AGRÍCOLAS BENÉFICAS PARA O SOLO

Prof. Dr. Ademir Sérgio Ferreira de Araújo

Existe uma variedade de práticas agrícolas que promovem a melhoria da qualidade do solo. Essas práticas devem ser realizadas por longos períodos com o objetivo de aumentar a fertilidade e atividade biológica dos solos, dar condições adequadas para o desenvolvimento das plantas, manter o conteúdo de água, nutrientes e suprimir doenças.

Rotação de culturas

A rotação de culturas é a alternância de espécies vegetais na mesma estação numa determinada área, observando-se um período mínimo sem o cultivo desta espécie na mesma área (Calegari, 2002). A rotação de culturas é uma prática importante para aumentar o conteúdo de matéria orgânica, melhorar a fertilidade e a produtividade do solo. A quantidade de resíduos vegetais provenientes desta prática varia largamente, dependendo da cultura e da forma da colheita.
Para o sucesso da rotação de culturas, deve-se levar em consideração alguns aspectos importantes, tais como: a) seleção criteriosa das espécies, de acordo com as condições edafoclimáticas da região; b) monitoramento das condições do solo ao longo dos anos que possibilitem a decomposição da palhada gerada pelas culturas; c) Realização de consórcios entre gramíneas e leguminosas visando proporcionar um efeito melhorador das características físicas do solo, devido a incorporação de resíduos de diferentes relações carbono/nitrogênio (C/N).
Com o uso do consórcio entre gramíneas e leguminosas normalmente não ocorre
imobilização de nitrogênio e a mineralização favorecerá a disponibilidade e a absorçãodeste nutriente pelas plantas (Calegari, 2002).
A prática da rotação traz benefícios para a qualidade química e biológica do
solo. A sua utilização contribui para o aumento da produtividade das culturas, além da redução de infestação de ervas daninhas no solo. Outro benefício importante da rotação é a diminuição de patógenos do solo e de hospedeiros de pragas nos cultivos subsequentes.
A cobertura vegetal proporcionada pela rotação tem efeito direto sobre a erosão.
Segundo Heath et al. (1976), áreas agrícolas com monocultura têm taxas de erosão 100 vezes maiores do que áreas com rotação gramínea/leguminosa. Este efeito sobre a erosão é devido a redução do impacto das gotas de chuvas e consequentemente as perdas de solos por escorrimento superficial. O sistema radicular das diversas culturas exploram diferentes profundidades, aumentando a porosidade e promovendo uma maior agregação de partículas e menor compactação do solo. Além disso, o sistema de rotação promove um aumento na taxa de infiltração de água no solo (Schnitzer, 1991).
Em relação à matéria orgânica, a rotação proporciona um aumento na biomassa
vegetal e microbiana, favorecendo uma maior mineralização dos nutrientes no solo.
Magdoff (1993) relata que a utilização desta prática incrementa a atividade biológica do solo, com aumento proporcional dos processo bioquímicos do ciclo de nutrientes.
Adicionalmente, ocorre uma maior diversidade de organismos presentes (bactérias,fungo, actinomicetos, protozoários, leveduras, minhocas).
Bayer et al, (2003) observaram que a inclusão de espécies leguminosas para
cobertura de solo em sistemas de rotação de culturas aumentou os estoques de carbono orgânico (CO) e nitrogênio total (NT) no solo (Figura 1). No sistema cultivado com milho (M), sem plantas de cobertura, os estoques de CO e NT foram 50,6 e 3,98 Mg.ha-1 , respectivamente. Os estoques de CO no sistema M + Mucuna cinza foram de 61,7 Mg.ha-1 , enquanto os sistemas com feijão de porco e soja preta apresentaram estoques de 54,12 e 54,76 Mg.ha-1 , respectivamente. Em relação ao NT, os sistema M + Mucuna cinza e M + feijão de porco apresentaram estoques de 5,09 e 5,10 Mg.ha-1 ,respectivamente. Já o sistema com soja preta apresentou estoque de 4,74 Mg.ha-1. Os
mesmos autores observaram que o aumento da matéria orgânica no solo, pela adoção de sistemas conservacionistas de manejo, teve reflexos positivos na capacidade de troca de cátions.

o que é solo?

Solo é um corpo de material inconsolidado, que recobre a superfície terrestre emersa, entre a litosfera e a atmosfera. Os solos são constituídos de três fases: sólida (minerais e matéria orgânica), líquida (solução do solo) e gasosa (ar). Essas fases podem ser encontradas em diferentes proporções, dependendo de fatores como tipo de solo e forma de utilização.
É produto do
intemperismo sobre um material de origem, cuja transformação se desenvolve em um determinado relevo, clima, bioma e ao longo de um tempo.
O solo, contudo, pode ser visto sobre diferentes
ópticas. Para um engenheiro agrônomo, através da edafologia, solo é a camada na qual pode-se desenvolver vida vegetal. Para um engenheiro civil, sob o ponto de vista da mecânica dos solos, solo é um corpo passível de ser escavado, sendo utilizado dessa forma como suporte para construções ou material de construção.