PRÁTICAS AGRÍCOLAS BENÉFICAS PARA O SOLO
Prof. Dr. Ademir Sérgio Ferreira de Araújo
Existe uma variedade de práticas agrícolas que promovem a melhoria da qualidade do solo. Essas práticas devem ser realizadas por longos períodos com o objetivo de aumentar a fertilidade e atividade biológica dos solos, dar condições adequadas para o desenvolvimento das plantas, manter o conteúdo de água, nutrientes e suprimir doenças.
Rotação de culturas
A rotação de culturas é a alternância de espécies vegetais na mesma estação numa determinada área, observando-se um período mínimo sem o cultivo desta espécie na mesma área (Calegari, 2002). A rotação de culturas é uma prática importante para aumentar o conteúdo de matéria orgânica, melhorar a fertilidade e a produtividade do solo. A quantidade de resíduos vegetais provenientes desta prática varia largamente, dependendo da cultura e da forma da colheita.
Para o sucesso da rotação de culturas, deve-se levar em consideração alguns aspectos importantes, tais como: a) seleção criteriosa das espécies, de acordo com as condições edafoclimáticas da região; b) monitoramento das condições do solo ao longo dos anos que possibilitem a decomposição da palhada gerada pelas culturas; c) Realização de consórcios entre gramíneas e leguminosas visando proporcionar um efeito melhorador das características físicas do solo, devido a incorporação de resíduos de diferentes relações carbono/nitrogênio (C/N).
Com o uso do consórcio entre gramíneas e leguminosas normalmente não ocorre
imobilização de nitrogênio e a mineralização favorecerá a disponibilidade e a absorçãodeste nutriente pelas plantas (Calegari, 2002).
A prática da rotação traz benefícios para a qualidade química e biológica do
solo. A sua utilização contribui para o aumento da produtividade das culturas, além da redução de infestação de ervas daninhas no solo. Outro benefício importante da rotação é a diminuição de patógenos do solo e de hospedeiros de pragas nos cultivos subsequentes.
A cobertura vegetal proporcionada pela rotação tem efeito direto sobre a erosão.
Segundo Heath et al. (1976), áreas agrícolas com monocultura têm taxas de erosão 100 vezes maiores do que áreas com rotação gramínea/leguminosa. Este efeito sobre a erosão é devido a redução do impacto das gotas de chuvas e consequentemente as perdas de solos por escorrimento superficial. O sistema radicular das diversas culturas exploram diferentes profundidades, aumentando a porosidade e promovendo uma maior agregação de partículas e menor compactação do solo. Além disso, o sistema de rotação promove um aumento na taxa de infiltração de água no solo (Schnitzer, 1991).
Em relação à matéria orgânica, a rotação proporciona um aumento na biomassa
vegetal e microbiana, favorecendo uma maior mineralização dos nutrientes no solo.
Magdoff (1993) relata que a utilização desta prática incrementa a atividade biológica do solo, com aumento proporcional dos processo bioquímicos do ciclo de nutrientes.
Adicionalmente, ocorre uma maior diversidade de organismos presentes (bactérias,fungo, actinomicetos, protozoários, leveduras, minhocas).
Bayer et al, (2003) observaram que a inclusão de espécies leguminosas para
cobertura de solo em sistemas de rotação de culturas aumentou os estoques de carbono orgânico (CO) e nitrogênio total (NT) no solo (Figura 1). No sistema cultivado com milho (M), sem plantas de cobertura, os estoques de CO e NT foram 50,6 e 3,98 Mg.ha-1 , respectivamente. Os estoques de CO no sistema M + Mucuna cinza foram de 61,7 Mg.ha-1 , enquanto os sistemas com feijão de porco e soja preta apresentaram estoques de 54,12 e 54,76 Mg.ha-1 , respectivamente. Em relação ao NT, os sistema M + Mucuna cinza e M + feijão de porco apresentaram estoques de 5,09 e 5,10 Mg.ha-1 ,respectivamente. Já o sistema com soja preta apresentou estoque de 4,74 Mg.ha-1. Os
mesmos autores observaram que o aumento da matéria orgânica no solo, pela adoção de sistemas conservacionistas de manejo, teve reflexos positivos na capacidade de troca de cátions.
Nenhum comentário:
Postar um comentário