domingo, 27 de junho de 2010

Hidroponia e Plantio convencional

HIDROPONIA
(por :Mauricio Alves de Sousa)
As hortaliças representam o maior grupo de plantas cultivadas, compreendendo mais de 100 espécies. Até um passado relativamente recente, eram em sua maioria, cultivadas em muito pequena escala e comercializadas no mercado informal, o que ocasionava sua exclusão das estatísticas e, consequentemente, das preocupações dos políticos e tecnocratas.
A inclusão das espécies na categoria das hortaliças baseia-se em algumas características com, por exemplo, alta produtividade por área, riqueza em nutrientes não calórico-proteicos, exigência em tecnologia de produção apurada, elevada utilização de mão-de-obra, alto conteúdo de água e consequentemente perecibilidade, cultivos múltiplos quando em larga escala, possibilidade de várias safras por ano, etc. (CASTELLANE, 1993).
As hortaliças podem ser cultivadas através do plantio convencional, o qual se utiliza o solo ou através do sistema hidropônico, sendo o cultivo de plantas sem o uso de solo.
Atualmente, na produção agrícola, utiliza-se um tipo de plantio de hortaliças usualmente chamado de plantio convencional. Plantio convencional é o plantio em que há atividade intensiva do solo, além da utilização de técnicas típicas e tecnologia de cultivo e produção.
Para se aplicar um plantio convencional é necessário ter a seu favor alguns fatores essenciais para o cultivo, como: clima favorável (varia de cultura para cultura), umidade e principalmente aquele que mais caracteriza esse tipo de atividade, o solo com capacidade produtiva favorável. É indispensável que o solo atenda às exigências de cada cultura, este precisa ter boa consistência, não ser muito argiloso nem muito arenoso, deve ser moderado.
Por ser de caráter intensivo, é necessário um grande volume de mão-de-obra. É necessária também muita água para irrigação.

O plantio convencional, por usar de forma intensiva o solo, acaba por desgastá-lo de forma rápida, perdendo desta forma grande parte de seus nutrientes, ocasionando em uma menor capacidade produtiva. Com esse grande desgaste o produtor precisa usar de meios externos para conservar a produtividade do terreno. Faz-se necessário adubar (química e/ou organicamente), fazer a calagem, fazer rotação de cultura além da aração e coveamento. Há, além disso, um grande desperdício de água de irrigação, tudo isso gera gastos para o produtor.
Os produtores estão sempre procurando e pesquisando meios de obter uma maior produção, com maior qualidade e menores custos, para assim obter maiores lucros.
A hidroponia é um meio prático de se cultivar hortaliças e consiste em um sistema de plantio fechado onde não se utiliza solo, mas solução nutritiva dissolvida em água para alimentar as plantas.
A presença das hortaliças é de suma importância na alimentação do homem, pois delas retira-se nutrientes indispensáveis para o bom funcionamento do metabolismo humano. Os surgimentos de alguns tipos de doenças estão intimamente ligados com os hábitos alimentares. Nessas hortaliças encontram-se algumas substâncias que servem de prevenção na ocorrência dessas doenças.
Pelo conceito de hortaliças, pode-se dizer que são plantas alimentares que se caracterizam pelo seu alto teor de vitaminas e sais minerais. Mais de 80 espécies são cultivadas comercialmente no Brasil (MAKISHIMA, 1993).
Há várias formas de se fazer um plantio e diferentes técnicas para realizá-las. Destacamos de uma forma geral, o plantio através do sistema convencional e o sistema hidropônico, onde a principal diferença entre eles é o uso do solo em um e o uso de água, em substituição do solo, em outro.
Segundo FILGUEIRA, possivelmente a característica mais marcante na olericultura é o seu caráter intensivo, no que se refere à utilização do solo, aos tratos culturais, à mão-de-obra e aos insumos agrícolas modernos (sementes, defensivos, adubos químicos). Na prática isso equivale a empregar quantias elevadas, por hectare cultivado.
No plantio convencional, um solo com qualidades produtivas é, logicamente, indispensável. Não é possível realizar um plantio se o solo não atender às exigências das plantas, pois as hortaliças exigem tecnologia avançada, independentemente se for convencional, orgânico ou agro ecológico.
Nem sempre se tem à disposição o tipo mais adequado de solo. Porém, sempre que possível, deve-se optar por solos de consistência média (areno-argilosos), arejados, com baixa acidez, com bom teor de matéria orgânica, bem drenados e com topografia levemente ondulada. Os solos argilosos, além de serem difíceis de trabalhar, retêm muita umidade e apresenta baixa aeração. Por outro lado, os solos arenosos, apesar de possuírem boa aeração e serem de fácil manejo, retêm pouca água exigindo irrigação muito freqüentes. Quando a área disponível não possui boa drenagem, como é o caso dos solos tufosos, é necessária uma rede de drenos para evitar o enxarcamento deles, além de construção de canteiros altos (POERSCHKE, 2005).
Para se obter uma boa produtividade, os tratos com os solos devem ser minuciosos. São várias as dificuldades de manejo de solos. As hortaliças são altamente esgotantes do solo, elas são salinizadoras do solo e esbanjadoras de água e nutrientes.
A área a ser escolhida deve inda ser livre de pragas, doenças e ervas de difícil controle. É importante que se conheça o histórico da área pelas culturas precedentes e, da mesma forma, o uso de insumos. A ocorrência de problemas de solos com bactérias, fungos e plantas daninhas como a tiririca impedem o cultivo de determinadas espécies inviabilizando a construção da horta (POERSCHKE, 2005).
Evidencia-se desta forma menor rentabilidade e maior ônus para o produtor ao utilizar este plantio.

A maioria das plantas tem o solo como o meio natural para o desenvolvimento do sistema radicular, encontrando nele o seu suporte, fonte de água, ar e minerais necessários para a sua alimentação e crescimento. As técnicas de cultivo sem solo substituem este meio natural por outro substrato, natural ou artificial, sólido ou líquido, que possa proporcionar à planta aquilo que, de uma forma natural, ela encontra no solo (CASTELLANE E ARAÚJO, 1995).
Considerando-se que as hortaliças, em média, são compostas de 90% de água, é de fundamental importância, que a horta seja construída em local com boa disponibilidade de água, tanto em quantidade como em qualidade. De maneira geral pode-se dizer que são necessárias cerca de 60m³/ha/dia de água. Porém esse valor varia com as condições climáticas bem como com a cultura. (POERSCHKE, 2005)
Quando se deseja fazer uma horta, é necessário saber se tem água suficiente para irrigar toda a horta em todos os meses do ano, principalmente nos meses mais quentes e secos.
Pela prática que se tem, observa-se que no inverno a necessidade de água pelas hortaliças situa-se ao redor de 1,5 a 2,0 litros/m²/dia. Isso significa 15.000 a 20.000 litros/ha/dia.
No verão a necessidade de água está entre 5 a 7 litros/m²/dia. Isso significa 50.000 a 70.000 litros/ha/dia.
Nos períodos de calor e seca intensos, chega-se a necessidade de 10 a 12 litros/m²/dia, ou seja, 100.000 a 120.000 litros/ha/dia. (POERSCHKE, 2005).
Pode-se observar na literatura citada que no plantio convencional, o uso da água é bastante grande, alguns autores se referem às hortaliças como esbanjadoras de água.
No plantio convencional, perde-se muita água. A maior parte da água de irrigação é perdida ( escoamento, infiltração, evaporação), uma pequena parcela é absorvida pela planta.
A hidroponia é um sistema de cultivo de plantas em água, sem o uso de solo.
A hidroponia é uma técnica para o cultivo, em ambiente protegido, para diversas espécies agrícolas. Esta técnica consiste na circulação regular, junto al sistema radicular da planta, de um filtro de solução nutritiva. (...) O projeto hidropônico consiste na aplicação de técnicas, materiais e equipamentos para a produção de hortaliças por meio do cultivo sem solo. (ANTONIO BLISKA JUNIOR, 1998).
O termo hidroponia deriva de duas palavras gregas: hidro, água e ponos, trabalho. A combinação dessas duas palavras significa “trabalhar com água” e, implicitamente, o uso de soluções de adubos químicos para se criar plantas sem terra. Este significado opõe-se à agricultura convencional, que deveria ser chamada geoponia(geo=terra).( JAMES SHOLTO DOUGLAS,1987).
Hoje existem várias formas de se cultivar hortaliças por meio do sistema hidropônico, podendo assim ser adaptado a cada meio de vida de cada produtor, suprindo suas necessidades como lhe apraz.


quinta-feira, 3 de junho de 2010

PRÁTICAS AGRÍCOLAS

PRÁTICAS AGRÍCOLAS BENÉFICAS PARA O SOLO

Prof. Dr. Ademir Sérgio Ferreira de Araújo

Existe uma variedade de práticas agrícolas que promovem a melhoria da qualidade do solo. Essas práticas devem ser realizadas por longos períodos com o objetivo de aumentar a fertilidade e atividade biológica dos solos, dar condições adequadas para o desenvolvimento das plantas, manter o conteúdo de água, nutrientes e suprimir doenças.

Rotação de culturas

A rotação de culturas é a alternância de espécies vegetais na mesma estação numa determinada área, observando-se um período mínimo sem o cultivo desta espécie na mesma área (Calegari, 2002). A rotação de culturas é uma prática importante para aumentar o conteúdo de matéria orgânica, melhorar a fertilidade e a produtividade do solo. A quantidade de resíduos vegetais provenientes desta prática varia largamente, dependendo da cultura e da forma da colheita.
Para o sucesso da rotação de culturas, deve-se levar em consideração alguns aspectos importantes, tais como: a) seleção criteriosa das espécies, de acordo com as condições edafoclimáticas da região; b) monitoramento das condições do solo ao longo dos anos que possibilitem a decomposição da palhada gerada pelas culturas; c) Realização de consórcios entre gramíneas e leguminosas visando proporcionar um efeito melhorador das características físicas do solo, devido a incorporação de resíduos de diferentes relações carbono/nitrogênio (C/N).
Com o uso do consórcio entre gramíneas e leguminosas normalmente não ocorre
imobilização de nitrogênio e a mineralização favorecerá a disponibilidade e a absorçãodeste nutriente pelas plantas (Calegari, 2002).
A prática da rotação traz benefícios para a qualidade química e biológica do
solo. A sua utilização contribui para o aumento da produtividade das culturas, além da redução de infestação de ervas daninhas no solo. Outro benefício importante da rotação é a diminuição de patógenos do solo e de hospedeiros de pragas nos cultivos subsequentes.
A cobertura vegetal proporcionada pela rotação tem efeito direto sobre a erosão.
Segundo Heath et al. (1976), áreas agrícolas com monocultura têm taxas de erosão 100 vezes maiores do que áreas com rotação gramínea/leguminosa. Este efeito sobre a erosão é devido a redução do impacto das gotas de chuvas e consequentemente as perdas de solos por escorrimento superficial. O sistema radicular das diversas culturas exploram diferentes profundidades, aumentando a porosidade e promovendo uma maior agregação de partículas e menor compactação do solo. Além disso, o sistema de rotação promove um aumento na taxa de infiltração de água no solo (Schnitzer, 1991).
Em relação à matéria orgânica, a rotação proporciona um aumento na biomassa
vegetal e microbiana, favorecendo uma maior mineralização dos nutrientes no solo.
Magdoff (1993) relata que a utilização desta prática incrementa a atividade biológica do solo, com aumento proporcional dos processo bioquímicos do ciclo de nutrientes.
Adicionalmente, ocorre uma maior diversidade de organismos presentes (bactérias,fungo, actinomicetos, protozoários, leveduras, minhocas).
Bayer et al, (2003) observaram que a inclusão de espécies leguminosas para
cobertura de solo em sistemas de rotação de culturas aumentou os estoques de carbono orgânico (CO) e nitrogênio total (NT) no solo (Figura 1). No sistema cultivado com milho (M), sem plantas de cobertura, os estoques de CO e NT foram 50,6 e 3,98 Mg.ha-1 , respectivamente. Os estoques de CO no sistema M + Mucuna cinza foram de 61,7 Mg.ha-1 , enquanto os sistemas com feijão de porco e soja preta apresentaram estoques de 54,12 e 54,76 Mg.ha-1 , respectivamente. Em relação ao NT, os sistema M + Mucuna cinza e M + feijão de porco apresentaram estoques de 5,09 e 5,10 Mg.ha-1 ,respectivamente. Já o sistema com soja preta apresentou estoque de 4,74 Mg.ha-1. Os
mesmos autores observaram que o aumento da matéria orgânica no solo, pela adoção de sistemas conservacionistas de manejo, teve reflexos positivos na capacidade de troca de cátions.

o que é solo?

Solo é um corpo de material inconsolidado, que recobre a superfície terrestre emersa, entre a litosfera e a atmosfera. Os solos são constituídos de três fases: sólida (minerais e matéria orgânica), líquida (solução do solo) e gasosa (ar). Essas fases podem ser encontradas em diferentes proporções, dependendo de fatores como tipo de solo e forma de utilização.
É produto do
intemperismo sobre um material de origem, cuja transformação se desenvolve em um determinado relevo, clima, bioma e ao longo de um tempo.
O solo, contudo, pode ser visto sobre diferentes
ópticas. Para um engenheiro agrônomo, através da edafologia, solo é a camada na qual pode-se desenvolver vida vegetal. Para um engenheiro civil, sob o ponto de vista da mecânica dos solos, solo é um corpo passível de ser escavado, sendo utilizado dessa forma como suporte para construções ou material de construção.