quarta-feira, 16 de outubro de 2013

SITOPHILUS ZEAMAIS

Bioecologia de Sitophilus zeamais Motschulsky 1885 (Coleoptera: Curculionidae)
Luidi Eric Guimarães Antunes
Rafael Gomes Dionello
Uma das principais pragas de grãos armazenados no milho é o Sitophilus zeamaisMotschulsky (Coleoptera: Curculionidae) popularmente conhecido como gorgulho do milho (figura 1). Trata-se de uma praga primária e cosmopolita onde os adultos medem 2,0 a 3,5 mm, de coloração castanho-escura com manchas claras nos élitros (asas anteriores), bem visíveis após emergência. Possui a cabeça projetada a frente na forma de rostro curvado. Os machos apresentam rostro curto e grosso, as fêmeas apresentam rostro mais longo e afilado (Lorini & Schneider, 1994; Loeck, 2002) (figura 2).
Figura 1. Adulto de Sitophilus zeamais. Fonte: Antunes,L. E. G. (2010)
Figura 2: Macho de Sitophilus zeamais (A); fêmea de Sitophilus zeamais(B).
Fonte: Antunes,L. E. G. (2010)
Esta espécie apresenta infestação cruzada, que é a capacidade de infestar os grãos tanto no campo quanto no armazenamento, elevado potencial de multiplicação e possui muitos hospedeiros como trigo, arroz, milho, cevada e triticale (Lorini, 2008) (figura 3). Os danos decorrem da redução de peso e da qualidade do grão (Lorini & Schneider, 1994).
Figura 3. Adultos de Sitophilus zeamais em grãos de milho. Fonte: Antunes, L. E. G. (2010).
A postura é feita individualmente nos grãos através de pequenos orifícios que as fêmeas cavam com a mandíbula, logo após glândulas associadas ao ovipositor secretam uma substância gelatinosa que é utilizada para fechar a cavidade (Cotton & Wilbur, 1974; Evans, 1981), ficando os orifícios de postura com difícil visualização. Após a eclosão a larva se alimenta do interior dos grãos e completa seu estágio larval (quatro instares) dentro do próprio grão, empupando a seguir e culminando com a emergência do adulto do seu interior (Loeck, 2002). Caso ocorra a postura de mais de um ovo por grão a larva de mais forte irá se sobrepor às demais, ocorrendo assim sempre apenas uma emergência de adulto por grão.
Segundo Rosseto (1972) em condições de 28 °C e 60% de umidade relativa esta espécie apresenta os seguintes valores em média: 5,9 dias de período de pré-postura; 104,3 dias de período de postura; 282,2 ovos por fêmea; 2,7 ovos por dia; longevidade dos machos de 142 dias e das fêmas de 140,5 dias; período de ovo a adulto de 34 dias; período de incubação de três a seis dias; proporção de 48,1% de machos e 51,9% de fêmeas e 26,9% de ovos que se desenvolvem até adulto. A fêmea tem sua postura inibida em grãos com umidade inferior a 12,5% (Evans, 1981), isso ocorre devido ao fato de quanto mais seco estiver o grão maior é a sua dureza e assim a resistência ao ataque do inseto.
O ovo apresenta uma cor branca leitosa e de acordo com Lecato & Flaherty (1974) otamanho médio é de 0,76 x 0,27 mm. A casca do ovo não apresenta forte resistência.
As larvas são ápodas de coloração amarelo-claro, do tipo curculioniforme com a cabeçade cor marrom-escura, apresentam perfil dorsal semicircular, perfil ventral quase retilíneo e os três primeiros segmentos abdominais com duas pregas ou sulcos transversais no dorso e as pupas são brancas (Mound, 1989; Booth et al., 1990). O seu comprimento varia de 2 a 3 mm. A pupa apresenta uma cor branca leitosa (figura 4).
Figura 4: Pupa de Sitophilus zeamaisFonte: PaDIL - Plant Biosecurity Toolbox (2010)
As espécies S. zeamais Sitophilus oryzae Linnaeus 1763 (Coleoptera: Curculionidae) são muito semelhantes em caracteres morfológicos e podem ser distinguidas somente pelo estudo da genitália. Ambas podem ocorrer juntas na mesma massa de grãos, independentemente do tipo de grãos (Lorini, 2008).
Existem diversas técnicas de controle deste inseto praga, sendo as principais, uso de terra de diatomácea em diferentes dosagens aplicadas em grãos de milho (Junior et al., 2007); uso de inseticidas piretróides e organofosforados em diferentes dosagens aplicados em grãos de milho (Pereira et al., 2003); uso de fosfina em diferentes doses (gramas de i.a./m³) no controle dessa espécie em grãos de milho, associada com atmosfera controlada (Casella et al., 1998).
Referências bibliográficas
-Booth, R.G.; Cox, M.L.; Madge, R.B. IIE Guides to insects of importance to man 3. COLEOPTERA. London: C.A.B. International, 1990. 384p.
- Casella, T. L. C.; Faroni, L. R. D.; Berbert, P. A.; Cecon, P. R. Dióxido de carbono associado à fosfina no controle do gorgulho do milho (Sitophilus zeamais). Revista Brasileira de Engenharia Rural e Ambiental, v. 2, n. 2, p. 179-185, 1998.
- Cotton, R. T.; Wilbur, D. A. Insects. In: Christensen, C. M. Storage of cereal grains and their products. St. Paul, Minnesota, AACC, 1974, p193-231.
- Evans, D. E. The biology of stored products Coleoptera. In: Proc. Aust. Dev. Asst. Course on Preservation of Stored Cereals, 1981, p.149-185.
- Junior, A. L. M.; Junior, M. M.; Paiva, W. R. S. C.; Barreto, H. C. S. Eficiência da terra de diatomácea no controle de Sitophilus zeamais em milho armazenado.Revista acadêmica, v. 5, n. 1, p. 27 – 32. Curitiba, PR, 2007.
- Lecato, G. L.; Flaherty, B. R. Description of eggs of selected species of stored-product insects. Journal of the Kansas Entomological Society, v. 47, p. 308-317, 1974.
- Loeck, A. E. Praga de Produtos Armazenados. Pelotas, RS, EGUFPEL, 113p., 2002.
- Lorini, I. Manejo Integrado de Pragas de Grãos de Cereais Armazenados. Passo Fundo: Embrapa Trigo, 2008. 72p.
- Lorini, I.; Schneider, S. Pragas de Grãos Armazenados: resultados de pesquisa. Passo Fundo: EMBRAPA-CNPT, 1994. 47p.
- Mound, L. (Ed.) Common Insect Pests of Stored Food Products. Aguide to their identification. British Museum (Natural History), 1989, 68p. (Economic Series, 15).
PaDIL - Plant Biosecurity Toolbox. Diagnostic Methods for Maize Weevil Sitophilus zeamais.Disponível em: <http://www.padil.gov.au/pbt>. Acesso: 13 maio 2010.
- Pereira, P. R. V. S.; Junior, A. R. P.; Furiatti, A. R. Eficiência de inseticidas no controle de Sitophilus oryzae (l.) (Coleoptera: Curculionidae) e Rhyzopertha dominica (fab.) (Coleoptera: Bostrichidae) em cevada armazenada. RevistaAcadêmica: ciências agrárias e ambientais, Curitiba, v.1, n.3, p. 65-71, jul./set. 2003.
- Rosseto, C. J. Resistência de milho as pragas da espiga, Helicoverpa zea(Boddie), Sitophilus zeamais Motschulsky e Sitotroga cerealella (Olivier). Tese Doutorado, Piracicaba, ESALQ, 1972, 144p.

domingo, 24 de junho de 2012

Apicultura


Organização e estrutura da colmeia

As abelhas são insetos sociais, vivendo em colônias organizadas em que os indivíduos se dividem em castas, possuindo funções bem definidas que são executadas visando sempre à sobrevivência e manutenção do enxame. Numa colônia, em condições normais, existe uma rainha, cerca de 5.000 a 100.000 operárias e de 0 a 400 zangões (Fig.6).


Figura 6. Rainha, operárias e zangões adultos de uma colmeia de Apis mellifera.

A rainha tem por função a postura de ovos e a manutenção da ordem social na colmeia. A larva da rainha é criada num alvéolo modificado, bem maior que os das larvas de operárias e zangões, de formato cilíndrico, denominado realeira (Fig. 7), sendo alimentada pelas operárias com a geléia real, produto rico em proteínas, vitaminas e hormônios sexuais. A rainha adulta possui quase o dobro do tamanho de uma operária (Fig. 6) e é a única fêmea fértil da colmeia, apresentando o aparelho reprodutor bem desenvolvido.

Figura 7. Realeiras construídas na extremidade do favo.
A vida reprodutiva da rainha inicia-se com o vôo nupcial para sua fecundação que ocorre, aproximadamente, 5 a 7 dias depois de seu nascimento.  A fecundação ocorre em áreas de congregação de zangões, onde existem de centenas a milhares de zangões voando à espera de uma rainha, conferindo assim uma grande variabilidade genética no acasalamento.

A rainha se dirige a essas áreas, a cerca de 10 metros de altura, atraindo os zangões com a liberação de substâncias denominadas feromônios.  Apenas os mais rápidos e fortes conseguem alcançá-la e o acasalamento, ou cópula, ocorre em pleno vôo. Uma rainha pode ser fecundada por até 17 zangões e o sêmen é armazenado num reservatório especial denominado espermateca. Esse estoque de sêmen será utilizado para a fecundação de óvulos durante toda a vida da rainha, pois ao retornar à colônia não sairá mais para realizar outro vôo nupcial. A rainha começa a postura dos ovos na colônia de 3 a 7 dias depois do acasalamento.

Somente a rainha é capaz de produzir ovos fertilizados, que dão origem às fêmeas (operárias ou novas rainhas), além de ovos não fertilizados, que originam os zangões. Em casos especiais, as operárias também podem produzir ovos, embora não fertilizados, que darão origem a zangões.

A capacidade de postura da rainha pode ser de até 2.500 a 3.000 ovos por dia, em condições de abundância de alimento. Ela pode viver e reproduzir-se por até 3 anos ou mais. Entretanto, em climas tropicais, sua taxa de postura diminui após o primeiro ano. Por isso, costuma-se recomendar aos apicultores que substituam suas rainhasanualmente.

A rainha consegue manter a ordem social na colmeia através da liberação de feromônios. Essas substâncias têm função atrativa e servem para informar aos membros da colmeia que existe uma rainha presente e em atividade; inibem a produção de outras rainhas; a enxameação e a postura de ovos pelas operárias. Servem ainda para auxiliar no reconhecimento da colmeia e na orientação das operárias. A rainha está sempre acompanhada por um grupo de 5 a 10 operárias, encarregadas de alimentá-la e cuidar de sua limpeza. As operárias também podem aproximar-se da rainha para recebimento e repasse dos feromônios a outros membros da colmeia.

Quando ocorre a morte da rainha ou quando ela deixa de produzir feromônios e de realizar posturas, em virtude de sua idade avançada, ou ainda quando o enxame está muito populoso e falta espaço na colmeia, as operárias escolhem ovos recentemente depositados ou larvas de até 3 dias de idade, que se desenvolvem em células especiais - realeiras (Fig. 7) - para a produção de novas rainhas. A primeira rainha a nascer destrói as demais realeiras e luta com outras rainhas que tenham nascido ao mesmo tempo até que apenas uma sobreviva.

Em caso de população grande, a rainha velha enxameia com, aproximadamente, metade da população antes do nascimento de uma nova rainha. Em alguns casos, quando a rainha está muito cansada, ela pode permanecer na colmeia em convivência com a nova rainha por algumas semanas, até sua morte natural. Também pode ocorrer que a nova rainha elimine a rainha antiga, logo após o nascimento.

As operárias (Fig. 6) realizam todo o trabalho para a manutenção da colmeia. Elas executam atividades distintas, de acordo com a idade, desenvolvimento glandular e necessidade da colônia (Tabela 8).

Tabela 8. Funções executadas pelas operárias de acordo com a idade.
Idade
Função
 
1º ao 5º dia
 
Realizam a limpeza dos alvéolos e de abelhas recém-nascidas
 
5º ao 10º
 
São chamadas abelhas nutrizes porque cuidam da alimentação das larvas em desenvolvimento. Nesse estágio, elas apresentam grande desenvolvimento das glândulas hipofaringeanas e mandibulares, produtoras de geléia real.
 
11º ao 20º dia
 
Produzem cera para construção de favos, quando há necessidade, pois nessa idade as operárias apresentam grande desenvolvimento das glândulas ceríferas. Além disso, recebem e desidratam o néctar trazido pelas campeiras, elaborando o mel.
 
18º ao 21º dia
 
Realizam a defesa da colmeia. Nessa fase, as operárias apresentam os órgãos de defesa bem desenvolvidos, com grande acúmulo de veneno. Podem também participar do controle da temperatura na colmeia.
 
22º dia até a morte
 
Realizam a coleta de néctar, pólen, resinas e água, quando são denominadas campeiras.

É importante ressaltar que a necessidade da colmeia pode fazer com que as operárias reativem algumas das glândulas atrofiadas para realizar determinada atividade, ou seja, se for necessário, uma abelha mais nova pode sair para a coleta no campo e uma abelha mais velha pode encarregar-se de alimentar a cria.

As operárias possuem os órgãos reprodutores atrofiados, não sendo capazes de se reproduzirem. Isso acontece porque, na fase de larva, elas recebem alimento menos nutritivo e em menor quantidade que a rainha. Além disso, a rainha produz feromônios que inibem o desenvolvimento do sistema reprodutor das operárias na fase adulta. Em compensação, elas possuem órgãos de defesa e trabalho perfeitamente desenvolvidos, muitos dos quais não são observados na rainha e no zangão, como a corbícula (onde é feito o transporte de materiais sólidos) e as glândulas de cera.

Os zangões (Fig. 6) são os indivíduos machos da colônia, cuja única função é fecundar a rainha durante o vôo nupcial. As larvas de zangões são criadas em alvéolos maiores que os alvéolos das larvas de operárias (Fig. 8) e levam 24 dias para completarem seu desenvolvimento de ovo a adulto. Eles são maiores e mais fortes do que as operárias, entretanto, não possuem órgãos para trabalho nem ferrão e, em determinados períodos, são alimentados pelas operárias. Em contrapartida, os zangões apresentam os olhos compostos mais desenvolvidos e antenas com maior capacidade olfativa. Além disso, possuem asas maiores e musculatura de vôo mais desenvolvida. Essas características lhes permitem maior orientação, percepção e rapidez para a localização de rainhas virgens durante o vôo nupcial.


Figura 8. Alvéolos de zangão e de operária de Apis mellifera.
Os zangões são atraídos pelos feromônios da rainha a distâncias de até 5 km durante o vôo nupcial.  Durante o acasalamento, o órgão genital do zangão (endófalo) fica preso no corpo da rainha e se rompe, ocasionando sua morte.
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Desenvolvimento das abelhas

Durante seu ciclo de vida, as abelhas passam por quatro diferentes fases: ovo, larva, pupa e adulto (Fig.9).



Figura 9. Diferentes fases do ciclo de desenvolvimento de abelhas Apis mellifera.
A rainha inicia a postura geralmente após o terceiro dia de sua fecundação, depositando um ovo em cada alvéolo. O ovo é cilíndrico, de cor branca e, quando recém colocado, fica em posição vertical no fundo do alvéolo. Três dias após a postura, ocorre o nascimento da larva, que tem cor branca, formato vermiforme e fica posicionada no fundo do alvéolo, com corpo recurvado em forma de "C" (Fig. 9). Durante essa fase, a larva passa por cinco estágios de crescimento, trocando sua cutícula (pele) após cada estágio.

No final da fase larval, 5 a 6 dias após a eclosão, a célula é operculada e a larva muda de posição, ficando reta e imóvel. Nessa fase, ela não se alimenta mais, tece seu casulo, sendo comumente chamada de pré-pupa. Na fase de pupa já podem ser distinguidos a cabeça, o tórax e o abdome, visualizando-se olhos, pernas, asas, antenas e partes bucais. Os olhos e o corpo passam por mudanças de coloração até a emersão da abelha adulta (Fig. 9). Toda a transformação pela qual a abelha passa até chegar ao estágio adulto denomina-se metamorfose.
A duração de cada uma das fases é diferenciada para rainhas, operárias e zangões (Tabela 9).

Tabela 9. Período de desenvolvimento (dias) de crias de abelhas Apis mellifera africanizada.
 
Período de Desenvolvimento (dias)
Casta
Ovo
Larva
Pupa
Total
 
Rainha
 
3
 
5
 
7
 
15
 
Operária
 
3
 
5
 
12
 
20
 
Zangão
 
3
 
6,5
 
14,5
 
24

A longevidade dos adultos das três castas também é diferente: a rainha pode viver até 2 anos ou mais apesar de que, em clima tropical, sua vida reprodutiva dura, em média, 1 ano; as operárias, em condições normais, vivem de 20 a 40 dias. Os zangões que não acasalam podem viver até 80 dias, se houver alimento na colmeia. Durante o período de escassez de alimento, as operárias costumam expulsar ou matar os zangões.
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Estrutura e uso dos favos

O ninho das abelhas é constituído de favos, que são formados por alvéolos de formato hexagonal (com seis lados). Essa forma permite menor uso de material e maior aproveitamento do espaço. Os alvéolos têm uma inclinação de 4° a 9º para cima, evitando que a larva e o mel escorram, e são construídos em dois tamanhos: no maior, a rainha faz postura de ovos de zangão; já os menores podem ser usados para a criação de operárias e para estocagem de alimento (Fig. 8).

Durante a maior parte do ano, a prole é criada nas partes centrais da colmeia, de forma a facilitar o controle de temperatura pelas operárias. A cria, freqüentemente, ocupa o centro dos favos, sendo que os cantos inferiores e superiores são usados para estocagem de alimento, facilitando o trabalho das abelhas nutrizes, que são responsáveis pela alimentação das larvas.

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Diferenciação das castas

Geneticamente, uma rainha é idêntica a uma operária. Ambas se desenvolvem a partir de ovos fertilizados. Entretanto, fisiológica e morfologicamente essas castas são diferentes em razão da alimentação diferenciada que as larvas recebem.

A rainha recebe, durante toda sua vida, um alimento denominado geléia real, que é composto das secreções das glândulas mandibulares e hipofaringeanas, localizadas na cabeça de operárias (Fig. 5), com adição de açúcares provenientes do papo. Pesquisas têm indicado que a geléia real oferecida às larvas de rainha é superior em quantidade e qualidade, possuindo maior proporção da secreção das glândulas mandibulares e maior concentração de açúcares e outros compostos nutritivos (Nogueira Couto & Couto, 2002)

As larvas de operárias, são alimentadas até o terceiro dia com um alimento comumente chamado de geléia de operária, que apresenta maior proporção da secreção das glândulas hipofaringeanas e menor quantidade de açúcares que o da rainha. Após esse período, passam a receber uma mistura de geléia de operária, mel e pólen.

Mesmo tendo recebido um alimento menos nutritivo, uma larva de, no máximo, 3 dias pode transformar-se em rainha se passar a receber a alimentação adequada. Entretanto, quanto mais nova for a larva, melhor será a qualidade da rainha e sua capacidade de postura.

Além da alimentação, a estrutura onde a larva da rainha é criada (realeira) tem grande influência em seu desenvolvimento, uma vez que é maior que o alvéolo de operária e posicionada de cabeça para baixo, o que deixa o abdome da pupa livre, permitindo pleno desenvolvimento e formação dos órgãos reprodutores.Assim, para que uma larva de operária se transforme em rainha, é necessário, além da alimentação, que a larva seja transferida para uma realeira ou que se construa uma realeira no local onde se encontra a larva.

Um resumo sobre a diferenciação das castas em abelhas Apis mellifera apresenta-se na Fig. 10.

Figura10. Esquema de diferenciação das castas em Apis mellifera.
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Comunicação

Entre as abelhas Apis mellifera, a comunicação pode ser feita por meio de sons, substâncias químicas, tato, danças ou estímulos eletromagnéticos.

A transferência de alimento parece ser uma das maneiras mais importantes de comunicação, uma vez que, durante as transferências, ocorrem também trocas de algumas secreções glandulares. Esse simples gesto de troca de alimento pode informar a necessidade de néctar e água, odor e sabor da fonte de alimento e as mudanças na qualidade e quantidade de néctar coletado, afetando a postura, criação da prole, secreção de cera e armazenamento do mel, entre outras atividades.Durante esse processo, são transferidos, também, feromônios que estimulam ações específicas, como será visto a seguir.

O principal meio de comunicação químico é feito pelos feromônios, que são substâncias químicas produzidas e liberadas externamente por indivíduos, que produzem uma resposta específica no comportamento ou fisiologia de indivíduos da mesma espécie. Em abelhas esses feromônios são transmitidos pelo ar, contato físico ou alimento. Na Tabela 10, apresentam-se alguns feromônios produzidos pelas abelhas e as reações desencadeadas por eles, de acordo com Free (1987), Winston (1987) e Nogueira Couto & Couto (2002).

Tabela 10. Alguns feromônios produzidos por abelhas Apis mellifera e suas respectivas reações.
Feromônios
Reação desencadeada
Produzidos por operárias:
 
Feromônio de trilha
Orienta as operárias na localização do ninho e de fontes de alimento
Feromônio de alarme
Alerta as operárias para a presença de inimigo próximo à colmeia
Feromônio de defesa
Liberado por operárias durante a ferroada, atrai outras operárias para ferroarem o local
Feromônio de detenção
Repele as operárias de fontes sem disponibilidade de alimento
Feromônio da glândula de Nasonov
Liberado na entrada da colméia durante a enxameação e em fontes de água e alimento, ajuda na orientação e no agrupamento das abelhas
Produzidos por rainhas:
 
Feromônio da glândula mandibular
Atrai zangões para o acasalamento, mantém a unidade da colmeia, inibe o desenvolvimento dos ovários das operárias e a produção de rainhas
Feromônio das glândulas epidermais
Atração das operárias. Age em sinergia com o feromônio da glândula mandibular
Feromônio de trilha
Ajuda a evitar a produção de novas rainhas.
Produzidos por zangões:
 
Feromônio da glândula mandibular do zangão
Atrai rainhas e outros zangões para a zona de congregação de zangões
Produzidos por crias:
 
Feromônio de cria
Estimula a coleta de alimento e inibe o desenvolvimento dos ovários das operárias. Permite que as operárias reconheçam idade, casta e estado de sanidade das crias
Fonte: Free (1987), Winston (1987) e Nogueira Couto & Couto (2002).

A dança é outro importante meio de comunicação; por meio dela as operárias podem informar a distância e a localização exata de uma fonte de alimento, um novo local para instalação do enxame, a necessidade de ajuda em sua higiene ou, ainda, podem impedir que a rainha destrua novas realeiras e estimular a enxameação.

O cientista alemão Karl Von Frisch descobriu e definiu o sistema de comunicação utilizado para informar sobre a localização da fonte de alimento, observando que as abelhas costumam realizar três tipos de dança: dança em círculo, dança do requebrado ou em forma de oito e dança da foice  (Wiese, 1985) (Tabela 11).


Tabela 
11
Tipos de dança realizados pelas abelhas Apis mellifera para transmitir informações sobre fontes de alimentos.
Dança
Função
Dança em círculo
Informa sobre fontes de alimento que estão a menos de cem metros de distância da colmeia

Dança do requebrado
Usada para fontes de alimento que estão a mais de cem metros de distância. Nessa dança, a abelha descreve a direção e a distância da fonte

Dança da foice
Considerada uma dança de transição entre a dança em círculo e a do requebrado. É utilizada quando o alimento se encontra a até cem metros da colmeia

As danças podem ser executadas dentro da colmeia, sobre um favo, ou no alvado. Durante a dança, a operária campeira indica a direção da fonte de alimento em relação à posição da colmeia e do sol. A distância da colmeia até a fonte de néctar é informada pelo número de vibrações (requebrados) realizadas e pela intensidade do som emitido durante a dança. Quanto menor a distância entre a fonte e a colmeia, maior o número de vibrações.

A campeira pode interromper sua dança a curtos intervalos e oferecer às operárias que estão observando, uma gota do néctar que coletou. Assim, ela informa o odor do néctar e da flor e as demais operárias partem em busca desta fonte.  O recrutamento aumenta com a vivacidade e a duração da dança.

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Termorregulação da colmeia

Independentemente da temperatura externa, a área de cria da colmeia é mantida entre 34 e 35º C, temperatura ideal para o desenvolvimento das crias. A ocorrência de temperaturas fora dessa faixa pode provocar aumento da mortalidade na colônia e as operárias que emergirem podem apresentar defeitos físicos nas asas ou outras partes do corpo.

Para baixar a temperatura da colmeia, as abelhas do interior da colônia se distanciam dos favos e se aglomeram do lado de fora da caixa. Algumas operárias ficam posicionadas na entrada do ninho, movimentando suas asas de forma a direcionar uma corrente de ar para o interior da colmeia. Essa corrente de ar, além de esfriar a colmeia, auxilia na evaporação da umidade do néctar, transformando-o em mel.

No interior da caixa, outras operárias estão batendo as asas, ajudando na circulação da corrente de ar. Se houver duas entradas na colmeia, o ar é aspirado por uma entrada e expelido pela outra; caso contrário, usa-se parte da entrada para aspirar e outra parte para expelir.

Se a temperatura do ar estiver muito alta, as operárias coletam água e espalham pequenas gotas pela colmeia e/ou regurgitam pequena quantidade de água abaixo da língua, que será evaporada pela corrente de ar, auxiliando no resfriamento da colônia. A umidade evaporada do néctar também se presta a esse fim.

A umidade relativa da colmeia é mantida por volta dos 40%. Se essa porcentagem aumentar muito com a evaporação do néctar, as operárias imediatamente provocarão uma corrente de ar para o interior da colmeia, na tentativa de diminuir a umidade.

Em períodos frios, para aumentar a temperatura do interior do ninho, as abelhas se aglomeram em "cachos". Se a temperatura continuar caindo, as operárias aumentam sua taxa de metabolismo, provocando vibrações dos músculos torácicos, gerando calor. Ocorre também uma troca de posição: abelhas que estão no centro do cacho vão para as extremidades e vice-versa.


quinta-feira, 24 de maio de 2012

dia de campo em Regeneração

DIA DE CAMPO

A Fazenda Chapada Grande realizou neste sábado (19/5/2021), ( O 5º Dia de Campo) Que tem como objetivo mostrar aos agropecuaristas os resultados positivos obtidos em 2012 na Fazenda Chapada Grande e Principalmente Divulgar as Portencialidade do Médio Parnaiba e Região. No evento foram discutidos produtividade, sustentabilidade, e empreendedorismo entre empresários, investidores, parceiros e produtores no ramo do agronegócio. O quinto dia de campo realizado pela Fazenda Chapada Grande, é um evento que vem crescendo e trazendo, a cada ano, mais novidades. O evento contou com a presença dos Empresários e proprietários da Fazenda, Sr Manuel Junqueira,e Tiago Maximiano Junqueira. Os participantes do evento chegaram às 09:00, a visita aos campos agrícolas da Fazenda aconteceu entre 10:00 às 11:30, os pronunciamento das autoridades aconteceu às 11:30, e em seguida foi servido almoço com boi no rolete e música ao vivo. 























sábado, 5 de maio de 2012

Dia do campo


05 DE MAIO

Hoje comemora-se o dia do campo e quero exaltar em especial o grande símbolo do campo piauiense e do nordeste,o vaqueiro.
Homem valente e corajoso que enfrentam os perigos da caatinga e do cerrado para tirar o sustento seu e de sua progênie.
A história do vaqueiro se confunde com a história dos piauienses.O sertanejo que cuida dos animais foi decisivo para o desenvolvimento econômico do Piauí.Essa atividade hoje envolve cerca de 35mil famílias.
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...Formado pela fusão de diversas raças, tem no gado, no cavalo e na música seus grandes companheiros, razões que o tornam um legítimo representante da cultura popular brasileira.

Aclamado por Euclides da Cunha, no clássico Os Sertões, o vaqueiro é, na sua forma forte de encarar as mazelas do sertão, os longos períodos de seca que culminam com as intensas movimentações de gado pelas regiões mais inóspitas da caatinga e do cerrado nordestino, a representação de um povo lutador, que vive pela superação das dificuldades que o clima e o solo oferecem.
Aclamado pelos sertanejos, portanto, símbolo da garra, destemor, força e fé, de um povo, que tem nos seus aboios, a voz das alegrias e dores da lida com o gado e as preces de quem vive no campo.
Sua veste, símbolo do artesanato brasileiro, composta do terno, do chapéu e das sandálias feita do couro do veado capoeiro, é o retrato do homem do sertão, que enfrenta matas espinhosas à procura do gado perdido, muitas vezes única fonte de alimento do povo da região, que vive na terra castigada pela seca...(Fonteles, 2004)
PARABÉNS HOMENS DO CAMPO!

sábado, 14 de abril de 2012

PIAUÍ TERRA QUERIDA

Conselho aos PIAUIENSES e aos seus amigos...


Quando falarem que o Piauí fica onde o vento faz a curva, diga que por isso nós temos as melhores condições para a prática de esportes à vela e para a geração de energia eólica do Brasil em nosso belo litoral.


Quando falarem que o Piauí é quente, diga que aqui o sol brilha mais, somos filhos do sol do equador, por isso temos luminosidade e calor ideais para a produção da rica fruticultura tropical.



Quando falarem que o Piauí é seco, diga que nós fomos abençoados com uma das maiores reservas de águas subterrâneas do mundo; que temos o maior rio genuinamente nordestino _ o Rio Parnaíba, além de inúmeras barragens e lagoas que podem receber projetos de irrigação, piscicultura e lazer.
Quando falarem que no Piauí não tem petróleo, diga que nós já estamos na era da energia renovável, que fomos pioneiros no biodiesel a partir da plantação de mamona e temos potencial para ser um dos maiores produtores de combustíveis verdes do país.

Quando falarem que o litoral do Piauí é o menor do Brasil, diga que nós temos o único delta em mar aberto das Américas e praias paradisíacas, com águas quentes e sem poluição. 

Quando falarem que o piauiense é um povo primitivo, encha o peito de orgulho e diga que nós somos o berço do homem americano cujas origens repousam nos sítios arqueológico da Serra da Capivara em São Raimundo Nonato.



Quando falarem que a economia piauiense é pobre, diga que apesar da baixa renda per capita, nós somos tão ricos em oportunidades que o nosso crescimento está acima da média nacional. 

Quando falarem que o Piauí tem problemas de saúde, diga que todos tem, mas a nossa medicina é referência para o norte-nordeste pela qualidade dos nossos médicos, pelo fácil acesso ao nosso pólo de saúde e que por isso brasileiros de diversas regiões do país vêm se tratar em nossa terra. E que aqui o tratamento começa com a nossa maneira de acolher e receber bem as pessoas. 

Quando falarem que o povo do Piauí não tem conhecimento, diga que nós temos a melhor escola de ensino médio do Brasil _ o Instituto Dom Barreto e uma bem estruturada rede de ensino público e privado, onde inclusive, pode-se aprender melhor sobre o nosso estado, o Brasil e o mundo e, nem por isso são cobradas as mensalidades mais caras do país.
Quando falarem que o Piauí é improdutivo, diga que nós somos recordista nacional em produtividade de grãos; maior produtor brasileiro de cera de carnaúba, matéria-prima de larga aplicação industrial no mundo moderno; maior produtor nacional de mel de abelha (com a vantagem de que o nosso mel é de floração natural); que temos um dos maiores e melhores rebanhos caprinos do Brasil e tantas outras coisas que só conhecendo... 

Aproveito para reforçar o convite para conhecer o nosso Estado, pois se afelicidade mora aqui é FELIZ QUEM VISITA O PIAUI!.

Pedras de Opala de Pedro II
Grande Canion do Rio Poty
Rico artesanato piauiense